segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ei! Eu consegui! Olha eu aqui!!

Participar da vida nesse mundo sempre nos trouxe uma série de conflitos. Conflitos contra o mundo, com as pessoas, com nossas almas, conflitos com nós mesmos.
Travava-se uma intensa batalha por territórios físicos antigamente, enquanto hoje, lutamos por nosso próprio espaço, o espaço da imagem, do que sou, o que representamos na sociedade. Verdade se diga que tal representação não se concentra mais em determinadas frações da sociedade, digamos que ela se encontra em termos mais "sociais". A conjuntura atual permite que qualquer pessoa com atitude centrada em seu objetivo e/ou, com um pouco de sorte, consiga galgar andares nessa nova pirâmide social.
Essa cultura da representação traz contudo, efeitos colaterais: tais como, a tristeza, falsidade, altivez, mesquinhez, hipocrisia, entre tantas outras mazelas que sempre cercaram a história da humanidade, a qual vem ao longo dos tempos, sofrendo uma série de tranformações, principalmente no quesito poder.
E é através deste paradigma depressivo e nessa cultura da auto-afirmação que nos pergunto. Podemos apenas sermos felizes? Podemos?

Bruno Justino do Nascimento

domingo, 26 de abril de 2009

Jardim dos Mortos

Quanto medo já causastes?
Quantos amores separastes?
Quantas lutas vencestes?
Em quantos deixaste a solidão?
Fincada nas entranhas do coração

Quanta revolta já trouxestes?
Quantas preces ouvistes?
Quantas súplicas, choros e vozes?
Em quantos deixaste a dor?
Cravada no busto do amor

Quantas vidas já levastes para o teu jardim?
Quantas lágrimas e angústias levastes?
Quantas almas, histórias e lembranças?
Em quantos deixaste a saudade?
Guardada nos sentimentos de uma criança

Não sei como tu és
Tão pouco quando virás
Mas uma coisa te garanto
Medo pra mim tu não trás
Porque daqui eu não levo nada
Porque a ti eu não prosterno
Pois sei que vou descansar
Nos vales do jardim eterno.

Éder Cysneiros

sábado, 25 de abril de 2009

O que o Tempo não Cura

Os dias passam
A vida também
Passam-se os anos
Os amores, as dores
Ainda que lentamente, passam

Passam-se os planos
A infância, a juventude
Passam até os desenganos
Passa o outono e a primavera

Só não passa a saudade
De um coração ferido pela espera
De alguém que não voltou
Ou de quem já partiu
Deixando para trás
Quem com amor lhe sorrio.

Éder Cysneiros

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Clonagem: Criador x Criação

"Eu posso clonar humanos." (Panayiotis Zavos)

Ao ler esta frase pensei; nasce um Deus ou morre um homem? Detesto parecer exagerado, mas neste caso é o que me parece.

O geneticista Panayiotis Zavos, natural do Chipre, anunciou hoje ao mundo que está desenvolvendo uma técnica para clonar seres humanos, e que até já conseguiu clonar 14 embriões, sendo 11 deles implantados em 4 mulheres de três países diferentes, Estados Unidos, Reino Unido e um país do Oriente Médio não mencionado. Acredita-se que dentro de dois anos no máximo esta técnica esteja dando resultados, com clones vivos e saudáveis. O que me pergunto é, aonde vamos parar? Será que eles não veem que isso não é uma ciência sustentável, pois o que os motiva são interesses genuinamente econômicos? Que ninguém tem o direito de bancar o Deus.

Com a desculpa de ajudar aquelas mulheres que já tentaram exaustivamente todos os métodos possíveis, este cidadão, que não é o único pois como ele existem outros, se agarra ao falso propósito de que pessoas como estas precisam destas pesquisas para serem felizes. Enquanto a clonagem humana de embriões tinha fins terapêuticos, como por exemplo nas pesquisas sobre novas formas de tratamento para algumas doenças como Parkinson, Alzheimer, cancro, diabetes e até mesmo para as lesões na medula, eram totalmente justificáveis os esforços para concluir a técnica e ajudar a milhões de pessoas em todo planeta. Acontece que como sempre o homem deixa de lado a ética e a religião e passa a pensar exclusivamente nos fins lucrativos, num constante e eterno embate entre criador e criação, onde quem sai perdendo é sempre a criatura.

O que estamos presenciando neste exato momento é a morte de um homem no desejo de se transformar em um Deus, morre porque esquece até onde um ser humano pode ir e onde ele deve parar. Espero que um dia enxerguem algo mais que dinheiro, e vejam que o verdadeiro significado da ciência é ajudar a melhorar o presente e o futuro de todos nós humanos no intuito de uma vida saudável e próspera.

Éder Cysneiros

Introspecção

Reflete a luz na água
Reflete também a minha mágoa
Sob minha alma vaga
Que vaga em outro mundo
Onde a dor é imensa
E o amor é profundo.

Éder Cysneiros

Anjo Negro

Um dia escutei
Um velho sábio falar
Que só um tolo conseguiria
Por você se apaixonar
Pois homem nenhum no mundo
A você poderá conquistar

Mas o que ele não disse
Foi como te evitar
Como impedir que seu feitiço
A minha alma possa tomar
Espero que ainda haja tempo
Da minha vida salvar

Porque os teus olhos escondem
Debaixo de uma máscara sacrossanta
Uma mente traiçoeira
Que a todos os homens encanta

Porque o teu corpo exala
Um perfume arrebatador
Quem em teus braços descansa
Jamais se separa da dor

Porque a tua voz escraviza
Lançando sobre nós maldição
Não há ninguém que resista
E não te entregue o coração

Porque és obra do diabo
E por isso não tens compaixão
O que ainda me pergunto
É se me resta salvação.

Éder Cysneiros

terça-feira, 14 de abril de 2009

Surreal

Deixa o poeta falar
Deixa ele traduzir
O sentido que a vida tem
Fica mais fácil refletir

Deixa o poeta escrever
Deixa ele exprimir
O que nos reserva o tempo
Para podermos nos prevenir

Deixa o poeta pensar
Deixa ele definir
Sobre o que é o amor
E o caminho que nos faz seguir

Deixa o poeta se expressar
Deixa que ele sabe proferir
O que se passa num coração
E o bem que faz sorrir

Deixa o poeta aconselhar
Permita que ele possa transmitir
O que diz a voz do sentimento
Se faz necessário ouvir

Deixa o poeta rimar
Deixa ele difundir
Mostrar ao mundo inteiro
Que é possível existir...
...fora do mundo real
Onde não existe preconceito
Onde todos são iguais
Onde o impossível não habita
Onde somos imortais.

Éder Cysneiros

domingo, 12 de abril de 2009

Faça por Onde

Foi tudo muito diferente
Tudo aconteceu com intensidade
Desde o momento da dança
Já sabia que haveria cumplicidade

De início você era desconfiança
Não sabia se valeria a pena
Não me deu muito espaço
Mas insisti sob duras penas

Teu cheiro me incentivava
A lutar sem desistir
Foi uma marca registrada
Que até agora está em mim

Teu sorriso era um convite
Para um inesquecível amanhecer
Teus lábios uma tentação
Foi difícil me conter

No fim você cedeu
E em meus braços afagou
Este coração que tem pressa
De ganhar o seu amor.

Éder Cysneiros

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Quando?

Quando é que essa prisão
Irá se acabar,
E, me libertando enfim,
Conseguirei caminhar?

Quando irei desatar
Os laços que ainda persisto em prender?
Quando de fato desprenderei
Este coração que cansou de lutar?

Quando, ao virar da esquina
Em uma noite qualquer,
Acharei uma alma digna
De ser a minha mulher?

Quando esta vida vai parar
De me deixar confuso assim?
Quando poderei me alegrar
Por ter achado a resposta em mim?

Éder Cysneiros