terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Você

De onde vens
Não há caminho
Nem horizonte

O mar é morto
O céu é torto
E o sol é nada
Dos desencontros
Nem mesmo conto
As incertezas

Aonde andas
Não vejo paz
Nem esperança

A voz é rouca
A luz é pouca
A dor é tanta
Que até esqueço
Que desconheço
O que me encanta

Por onde vais
Nem sempre traz
O teu calor

É não viver
Ou não dizer
A tua dor
É querer ir
Sem conseguir
Conciliar
O triste fim
Que habita em mim
Se te deixar.

Éder Cysneiros

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Abcesso

Ah! Menino de pés descalços.
Avante para mais um dia de caminhadas sem destino.
De pele empoeirada, de físico fransino.
De dia és moleque de noite não és ninguém.

Ah! Menino com uma ferida na mão.
Propala a esse povo que não te enxerga.
Propala a ferida de nossa cidade.
Grita bem alto que suas atitudes não são em vão.

Ah! Menino sempre sujo.
És o fruto da sociedade impiedosa.
Lembrado em atitudes violentas.
E mais ainda nas oratórias vaidosas.

Ah! Menino sem futuro.
Acalenta tua vida nesse mato verde.
Nesse pó branco, nessa cela fria.
Nesse caixão pobre, nessa nostalgia.

Oh! Povo "genuíno".
Sacrificamos nossas crias.
Formamos mártires do "mal".
Quando ele apenas queria ser um menino.

Bruno Justino do Nascimento

sábado, 14 de fevereiro de 2009

S-O-R-R-I-A

"Quando nascestes, todos riam, só tu choravas. Procure viver de modo que, quando morreres, todos chorem, só tu sorrias." (Confúcio)

A primeira vez que escutei esta frase tinha aproximadamente uns oito anos. Foi em uma dessas conversas de pai para filho sabe, em que o mentor (pai) escolhe uma daquelas frases antigas que já havia escutado de um mentor mais antigo (avô) para dar um conselho ao filho, que está crescendo depressa (eu).

Na época não tinha dimensão do que ela dizia, também não é pra menos, tinha só 8 anos e o que menos me importava naquele momento era uma dúzia de palavras escrita por um velho ancião. Hoje entendo o que meu pai queria dizer quando me falava este provérbio chinês. O que ele esperava era que eu vivesse em harmonia com as pessoas e comigo mesmo, procurando sempre passar energia positiva para aqueles que estão ao meu redor e assim viver e morrer feliz. Tarefa nada fácil, já que este mundo está uma loucura e as pessoas estão cada vez piores, mas tentar não custa nada, não é verdade? Além do mais não conheço ninguém que seja feliz com uma coleção de desafetos. Acredito que existem várias "fórmulas" para se viver bem, mas nenhuma é mais eficaz que a simpatia. Afinal de contas, como se pode ter um dia harmonioso estando de "cara feia"? Sorrir é sempre o melhor passaporte para conquistar um coração e uma boa amizade. Portanto, SORRIA! Tire o amargor do peito, livre-se da solidão, corra da tristeza. Troque tudo isso por um sorriso, assim eu garanto que terás sempre alguém contente ao seu lado, vivendo assim mais e melhor.

Eu estou tentando, nem sempre com sucesso, mas tenho certeza que este é o caminho mais curto para a felicidade.

Éder Cysneiros

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Passado e Presente

Tenho a tristeza como lembrança
Uma antiga mágoa na memória
Do tempo em que ainda era criança
E sonhava com outra trajetória

Guiava minha vida com esperança
Aguardava do destino toda glória
Da família, perdi a aliança
Do mundo, qualquer dita transitória

Hoje contemplo um presente pobre
Dor, perda, pranto e prece
Um vazio terrível que me cobre
E um frio doloroso que fenece

Sob o olhar do inimigo
Caminho nas curvas da ilusão
Na estrada inútil na qual sigo
Não encontro direção.

Éder Cysneiros

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Solidão

Olho ao meu redor
E o que vejo, além de mim?
Além do meu desalento?
Vai, me diz
Diz que estou errado
Fala que existe alguém
Que não sou assim...
Sozinho

Diz que é só um pesadelo
Diz que vai passar
Fala que vai voltar
Seja lá quando for
Diz que tens amor
Por favor

Sim, diz pra mim
Que não estou louco
Que a vida é bela
Que tudo muda
Que Deus ajuda
Que eu não morri
Fala que não sou assim
Tão...
Sozinho.

Éder Cysneiros

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Música e Língua Portuguesa

A língua portuguesa e suas diversidades, tantas reclamações, mas me ajuda a "viajar" quando estou compondo alguma música, chegando no mais profundo sentido. Um dos assuntos que mais me fascina e ajuda são as figuras de linguagem. Vejam bem as duas músicas como ficam poéticas:

Música n° 01 (Valeu, foi mal)

Tenho tanto trato a dizer/
Dizer desperta o sensual/
Mas saiba que pensar em você/
É caro como um copo de sal.

Se que você já sabe sambar/
Sambar desperta o sensual/
Mas saiba que eu estou em você/
Tenho estado atado a tudo normal.

Ih... Se foi/ Valeu!/ Foi mal!

Ih foi, foi fácil não ficar afim/
Depois, não te detesto mas te afastas de mim?/
Cansei de descansar/ cansaço de sofrer/
Teu samba sobe acima de si/
Teu samba é feito o tempo/ Não pode mais parar/
Não te detesto mas te afastas de mim?

Ih... Se foi/ Valeu!/ Foi mal!

(Aliteração: É a repetição de fonemas idênticos ou semelhantes no início de palavras de um verso ou frase. As palavras em que ocorre tal repetição geralmente estão próximas umas das outras).¹

Música n°2 (Parou na Ásia)

Se alguém perguntar/ se foi? se fez?/ Você vai falar/
Não é dessa vez/ Eu vou dizer/ cê vai me escutar

De passo à passo/ eu desfaço/ nossos laços/
Mas eu disfarço/ o que venho sentido por ti.

Não há motivos que possam imaginar/ a dor que vai/ é a dor que vem.
Não posso mais/ sem espaço pra respirar/ é a dor que vem/ tente lembrar.

De porta à porta/ em sua volta/ sentimentos importa/ mas não se importa
Do que venho sentindo por ti.

(...)

(Paronomásia: É a ocorrência próxima de palavras com som semelhantes mas de significado distintos).²

É evidente que são identificadas outras figuras, mas as que me inspiraram inicialmente foram essas duas. Quem quiser me ajudar a procurar mais eu agradeço. ;)

¹ FARACO & MOURA, Gramática, Ed Ática. 19º Edição, Pág. 574.
² FARACO & MOURA, Gramática, Ed Ática. 19º Edição, Pág. 585.

Bruno Justino do Nascimento

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Estamos Sozinhos?

Nunca duvidei que houvesse vida em outros planetas, mas será que existem seres vivos iguais ou superiores a nós, no quesito intelectual e tecnológico? Segundo alguns cientistas isto é possível.

Com o passar dos anos, uma ciência chamada Exobiologia (ex do grego fora, exterior), que busca encontrar vida fora do planeta Terra, tem crescido de forma acelerada e tem feito grandes descobertas nas últimas décadas, principalmente entre os anos 80 e 90. Ainda não se pode vislumbrar que exista vida inteligente no universo afora, porém a busca incessante por esta possibilidade tem deixado fãs e estudiosos do assunto bastante esperançosos. Tem sido comum descobertas de novos planetas fora de nossa galáxia (extra-solares), só em 2008, até o mês de Julho, foram 36. Porém foi no mais recente achado da Nasa que está depositada a grande esperança de todos. Esta chama-se Planeta "Vizinho", um grandalhão que está localizado na órbita de nossa estrela mais próxima, Alpha Centauri, que fica a 40 trilhões de quilômetros ou 4,3 anos-luz, distante de nosso planeta. O "primo" do Planeta Água tem como sol o Gliese 876, um corpo celeste que tem um terço da massa do nosso Sol. Além disso Ele também é rochoso feito a Terra em vez de gasoso como a maioria dos outros planetas.

Com esta nova descoberta, cresce a expectativa de que não estamos sozinhos no universo e que a prova disso está cada dia mais próxima. Espero estar vivo para poder presenciar tamanha evolução científica, acho até provável, já que a tecnologia tem avançado tanto nos últimos anos.

Éder Cysneiros

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tudo o que Sobrou

Nunca esperei de você amor incondicional
Ou amor assim feito o meu
Enorme como a imensidão do céu
Por vezes egoísta
Mas sempre sincero

Nunca imaginei que tudo acabaria assim
Você com sua indiferença estridente
E eu com esta saudade insistente
Cheio de esperanças
Esperando pelo retorno incerto

Sempre quis que fosse eterno
Os momentos que passamos
As palavras que falamos
E tudo mais que cercou esta relação
Sonho meu!

Sempre aguardei o momento certo
Para te mostrar que tamanho sentimento
Não se encontra assim tão fácil
E que paixão que arde
Também é a mesma que se esvai

E agora, o que restou de nós?
De mim decepção e tristeza
De você descaso e frieza
Reflexo de uma disparidade
Sobras de um relacionamento desigual.

Éder Cysneiros